sexta-feira, 11 de junho de 2010

Seminarista em Construção

Se é verdade que crise faz parte da vida de todo estudante de Seminário (e eu acredito nisso), então também é verdade que nesses momentos uma das perguntas que mais aflige é: Porque estou aqui? Ou ainda: Pra que estou aqui no Seminário?
Os cursos ministeriais de Música e Teologia são cursos que vão além de um diploma, reconhecido ou não pelo MEC (não que o reconhecimento não seja importante! Pelo contrário!), mas o que move primeiramente cada um a fazer esse curso é no mínimo o desejo de poder contribuir de alguma forma com a Igreja Cristã e o Reino de Deus.
O diferencial de cursos como esses, é que tratam de questões primeiras nas nossas vidas, questões de fé, que perpassam nossas convicções, nossas crenças, nossas escolhas na vida, nossas estruturas, sobre as quais construímos nossos valores, nossa ética, nossas culpas, nosso céu e nosso inferno.
Para continuarmos mantendo viva a paixão que motivou a primeira entrega, temos sempre que nos questionar porque decidimos estar onde estamos, o que ainda nos motiva para estar aqui, o que não motiva mais, que sentimento novo poderá ter surgido... E nessas horas a crise contribui bastante. É o momento de pensar como Boff, de transformar a crise em criatividade e fazer ressurgir do caos uma nova ordem.
Apesar de alguns insistirem em nos dizer o contrário, chegamos aqui com uma bagagem existencial, eclesiológica e teológica. O que não podemos é achar que nossas malas estão sempre arrumadas da melhor maneira, podendo até acrescentar algumas peças, mas nunca desarrumar o que já está tão “organizado”.
Acontece que quando não deixamos as aulas, os professores, os autores com quem dialogamos, as conversas com os colegas, a comunhão dos internatos e vilas, a vivência acadêmica e o movimento estudantil desarrumar nossas malas, a vida se encarrega disso. Quando cheguei aqui o Reitor desse Seminário disse que até então conhecemos a Igreja como alguém que apenas sabe manusear o computador, mas não sabe operá-lo, abri-lo, ou não o conhece em sua estrutura. Mas aqui é o lugar de aprender tudo isso. E se não nos abrirmos para o conhecimento mediado com a vida, sairemos daqui talvez sem conseguir contribuir com tudo aquilo que sonhamos um dia quando pensamos em vir pra cá.
Ainda vemos fortemente, na maioria de nossas Igrejas Batistas, um único modelo de ser igreja, traçado em cultura, tempo e realidade completamente diferentes das que se nos apresentam hoje. E por mais que enfrentamos diariamente os problemas e as questões de uma sociedade pós-moderna, a Igreja insiste em nos dar respostas prontas, frases feitas e receitas formalizadas e canonizadas na Idade Média. Que nas nossas próximas crises ministeriais/existenciais não tenhamos medo de desarrumar nada... de repente nos surpreendemos! Vemos que nada estava tão arrumado assim... Vemos que outras escolhas são possíveis, outros métodos são eficazes, vemos que podemos contribuir com nossa experiência e criar algo novo do que está aí... Afinal... “eu prefiro ser uma metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo...”.

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