segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O Presente de Natal da Presidente Dilma



O presente da presidente Dilma ao povo do semiárido nesse Natal já está decidido: uma cisterna de plástico.

A presidente é uma excelente gerente, pessoa íntegra e acima de qualquer suspeita. Quando criou o “Água para Todos” nos encheu de alegria. Afinal, agora iríamos acelerar a construção das cisternas para beber e produzir. Mas, a presidente preferiu doar centenas de milhares de cisternas de plástico para os nordestinos. Descartou o trabalho histórico da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) e vai trabalhar exclusivamente com os estados e municípios.

Claro que essa decisão está acima de qualquer interesse eleitoreiro, ou dos coronéis do sertão, ou dos 10% das empresas fabricantes do reservatório. Dilma é uma mulher honrada.

Claro que os empresários enviarão junto com as cisternas pedagogos, exímios conhecedores do semiárido, que farão a educação contextualizada realizada a duras penas por milhares de educadores da ASA. Esses pedagogos evidentemente conhecem o semiárido, o regime das chuvas, a pluviosidade de cada região, como se deve cuidar dos telhados, das calhas. Irão pelo sertão, pelas serras, pelos brejos, gastarão dias de suas vidas em meio às populações para realizar com um cuidado sacerdotal as tarefas que a questão exige.

Claro que os políticos farão, antes de entregar as cisternas, uma crítica ao coronelismo nordestino, ao uso da água como moeda eleitoral, afinal, já superamos os períodos mais aberrantes da política nordestina.

Quando a cisterna quebrar os pedreiros capacitados saberão reparar os estragos, sem depender da empresa e as cisternas de plástico não virarão um amontoado de lixo no sertão.

As empresas também enviarão agrônomos para dialogar com as comunidades como se faz uma horta com a água de cisterna para produção, uma mandala, uma barragem subterrânea, uma irrigação simples por gotejamento. Claro, o interesse das empresas e dos políticos é continuar o trabalho pedagógico da ASA tão premiado no Brasil e outros lugares do mundo.

Não temos, portanto, nada a protestar. A presidente e a ministra Campello são exímias conhecedoras do Nordeste, mesmo tendo nascido no sul e sudeste. Conhecem cada palmo de da região, dessa cultura, cada um de seus costumes. Claro que não nos enviarão mais sapatos furados, roupas rasgadas em tempos de seca, como acontecia antigamente. Até porque o trabalho da ASA eliminou as grandes migrações, a sede, a fome, as frentes de emergência e os saques. Mesmo não sendo nordestinas, nem jamais tendo vivido aqui, conhecem a região melhor que o povo que aqui nasceu ou aqui habita. Portanto, gratos por tanta generosidade.

Vamos conversar com os milhões de beneficiados envolvidos na convivência com o semiárido. Eles vão entender as razões da presidente e da ministra e vão retribuir com a generosidade que lhes é peculiar.

O povo do semiárido jamais esquecerá que, no Natal de 2011, ganhou como presente da presidente Dilma Roussef uma cisterna de plástico.


Roberto Malvezzi (Gogó)*
15/12/2011

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*Integrante da Comissão Pastoral da Terra (CPT)

2 comentários:

  1. Toda a comunidade está envolvida na construção da cisterna de alvenaria (cisterna de placa). Além de uma cisterna que dura décadas, ao invés da cisterna de plástico (que dura em média apenas 5 anos), que custa em torno de R$2.000,00, enquanto a de plástico não sai por menos de R$5.000,00 (!!!)... há todo um projeto político-pedagógico com a comunidade em torno de hábitos agorecológicos, bom uso da água da cisterna, relações igualitárias de gênero, geração de renda através de economia solidária, entre outros... A cisterna de alvenaria tem comprovada cientificamente a qualidade da água, enquanto que a cisterna de plástico não tem nenhum tipo de pesquisa! Não podemos negligenciar o trabalho da ASA (Articulação do Semiárido) que promove o envolvimento de tod@s na construção e manutenção da cisterna. Isso tudo por um objetivo muito maior: a convivência no semiárido e o prazer em viver no campo!!
    Isso tudo sem contar que a cisterna de plástico faz parte da grande indústria da seca!!! Não queremos mais que a seca gere riquezas e votos para grandes empresas e políticos!! Queremos um semiárido construído pelo povo, com condições de sobrevivência e dignidade!!

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  2. Seguido leio o teu blog, interessantes teus posts.
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    Por Iberê

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